O engenheiro mecânico francĂŞs Philippe Rouch e sua equipe recriam em laboratĂłrio os movimentos dos atletas para ajudá-los a sofrer menos contusões. A tecnologia Ă© usada por jogadores da seleção francesa de futebol. No campus do Instituto de Engenharia Arts et MĂ©tiers, situado no 13° distrito de Paris, trabalha o engenheiro mecânico Philippe Rouch, um especialista dos movimentos humanos e, principalmente, dos atletas. No laboratĂłrio de biomecânica do Instituto, jogadores da seleção francesa de futebol, treinadores de times de rugby, basquete ou outros esportes consultam de maneira anĂ´nima o engenheiro francĂŞs. O objetivo Ă© obter uma modelização personalizada de como se comportar fisicamente em campo, para evitar contusões. Esse diagnĂłstico Ă© utilizado pelos tĂ©cnicos para melhorar o desempenho e ao mesmo tempo proteger as articulações dos jogadores de lesões graves. Para isso, diversos parâmetros sĂŁo levados em conta. No caso do futebol, um robĂ´, batizado de Jarvis - em homenagem ao robĂ´-mordomo da trilogia "Homem de Ferro" - testa, por exemplo, qual o melhor modelo de chuteira a ser adotado, em função do gramado, das condições climáticas, do estilo de jogo e da posição do craque. Para isso, a equipe usa um programa de computador em open source, OpenSimulator, que grava em 3D os movimentos de atletas profissionais e envia as informações para o robĂ´, que repete a ação de maneira idĂŞntica. A base de dados tem milhares de movimentos registrados, obtidas a partir das imagens dos jogos. Segundo o engenheiro francĂŞs, durante um passe, um jogador pode sobrecarregar sua musculatura em atĂ© dez vezes seu peso. Por isso, Ă© essencial pensar na forma, na elasticidade e na maciez do tecido que reveste o calçado. O objetivo Ă© aliviar o esforço feito pelo jogador, que Ă© medido com precisĂŁo pelo robĂ´. Por que no futebol os atletas se machucam tanto em campo? Segundo o engenheiro francĂŞs, diversos fatores influenciam as contusões no esporte, que gera uma grande sobrecarga fĂsica. Para atletas de alto nĂvel, lembra o diretor do instituto de biomecânica, Ă© fundamental manter uma vida saudável e uma preparação fĂsica adequada, alĂ©m de exercĂcios apropriados para moldar a musculatura em função das exigĂŞncias nos treinos cotidianos. AlĂ©m disso, Ă© importante evitar certos movimentos. Para isso, o laboratĂłrio conta com uma base de dados de lances que resultaram em contusões. As imagens foram obtidas de gravações disponibilizadas para a arbitragem. “Há gestos que nĂŁo devem ser feitos, como recepcionar uma bola e cair apoiando sĂł em uma perna, por exemplo. Pode causar ruptura nos ligamentos. O tĂ©cnico pode habituar o jogador a cair usando as duas pernas, programando o cĂ©rebro para automatizar o movimento. Habituamos assim o jogador a fazer um gesto ou a evitá-lo”, explica. “Neymar Ă© excepcional, mas precisa de repouso” Philippe Rouch recebe com frequĂŞncia jogadores famosos da seleção francesa, cujos dados sĂŁo guardados a sete chaves, mas nunca atendeu brasileiros. O engenheiro francĂŞs Ă© um admirador do futebol da Seleção e diz que ficaria honrado em registrar em seu computador os movimentos de Neymar, por exemplo. “Existe uma filosofia de jogo brasileira, que Ă© insuperável, que todos, inclusive a seleção francesa, tentam copiar. Uma facilidade de dançar com a bola, de entrar em contato com ela, que todos os jogadores tentam imitar", diz. "Isso exige uma capacidade fĂsica fora do comum. Há tambĂ©m especificidades ligadas Ă s origens das pessoas. As fibras musculares sĂŁo diferentes”, explica o engenheiro francĂŞs, que lembra como as particularidades genĂ©ticas fazem diferença no desempenho esportivo. Esses movimentos “fluidos”, tĂpicos do futebol brasileiro, normalmente deveriam proteger os jogadores das lesões. Isso porque o nĂvel de aceleração Ă© menor, protegendo as articulações, mostram as pesquisas. O problema, explica o engenheiro francĂŞs, Ă© que essa maneira “macia” de jogar nĂŁo impede o desgaste gerado pelo excesso de treinos e partidas, que sĂŁo bem mais numerosos hoje do que há algumas dĂ©cadas. AlĂ©m disso, as agressões em campo, das quais Neymar foi vĂtima, por exemplo, acabam prejudicando a saĂşde dos jogadores. “O juiz deve se empenhar em impedir essas agressões, que atrapalham o jogo e machucam os atletas. Existem jogadores tĂŁo sensĂveis aos lances em campo que essas contusões os afetam emocionalmente”, lembra Philippe. Para entender como um passe errado pode afetar os ligamentos e os tendões, a equipe utiliza cadáveres para testar como o corpo reage Ă s contusões. Os estudos mostram que, em cada jogo de futebol, sĂŁo registradas cem lesões. No esporte, os jogadores muitas vezes se machucam sozinhos, lembra o especialista. Cerca de 60% das contusões nĂŁo envolvem um lance com outro atleta. Mais uma vez, isso ocorre porque jogadores como Neymar, por exemplo, sĂŁo muito solicitados, ressalta o engenheiro. “Neymar Ă© um jogador excepcional, que trabalha muito, todos querem vĂŞ-lo. O excesso de midiatização acaba sendo um problema. Chega em um ponto em que Ă© preciso repouso.” Segundo a Federação Francesa de Futebol, um terço dos jogadores nĂŁo se recupera totalmente de uma ruptura do ligamento cruzado anterior antes de trĂŞs anos. Atacantes dificilmente prolongam a carreira depois dos 36 anos.
O engenheiro mecânico francĂŞs Philippe Rouch e sua equipe recriam em laboratĂłrio os movimentos dos atletas para ajudá-los a sofrer menos contusões. A tecnologia Ă© usada por jogadores da seleção francesa de futebol. No campus do Instituto de Engenharia Arts et MĂ©tiers, situado no 13° distrito de Paris, trabalha o engenheiro mecânico Philippe Rouch, um especialista dos movimentos humanos e, principalmente, dos atletas. No laboratĂłrio de biomecânica do Instituto, jogadores da seleção francesa de futebol, treinadores de times de rugby, basquete ou outros esportes consultam de maneira anĂ´nima o engenheiro francĂŞs. O objetivo Ă© obter uma modelização personalizada de como se comportar fisicamente em campo, para evitar contusões. Esse diagnĂłstico Ă© utilizado pelos tĂ©cnicos para melhorar o desempenho e ao mesmo tempo proteger as articulações dos jogadores de lesões graves. Para isso, diversos parâmetros sĂŁo levados em conta. No caso do futebol, um robĂ´, batizado de Jarvis - em homenagem ao robĂ´-mordomo da trilogia "Homem de Ferro" - testa, por exemplo, qual o melhor modelo de chuteira a ser adotado, em função do gramado, das condições climáticas, do estilo de jogo e da posição do craque. Para isso, a equipe usa um programa de computador em open source, OpenSimulator, que grava em 3D os movimentos de atletas profissionais e envia as informações para o robĂ´, que repete a ação de maneira idĂŞntica. A base de dados tem milhares de movimentos registrados, obtidas a partir das imagens dos jogos. Segundo o engenheiro francĂŞs, durante um passe, um jogador pode sobrecarregar sua musculatura em atĂ© dez vezes seu peso. Por isso, Ă© essencial pensar na forma, na elasticidade e na maciez do tecido que reveste o calçado. O objetivo Ă© aliviar o esforço feito pelo jogador, que Ă© medido com precisĂŁo pelo robĂ´. Por que no futebol os atletas se machucam tanto em campo? Segundo o engenheiro francĂŞs, diversos fatores influenciam as contusões no esporte, que gera uma grande sobrecarga fĂsica. Para atletas de alto nĂvel, lembra o diretor do instituto de biomecânica, Ă© fundamental manter uma vida saudável e uma preparação fĂsica adequada, alĂ©m de exercĂcios apropriados para moldar a musculatura em função das exigĂŞncias nos treinos cotidianos. AlĂ©m disso, Ă© importante evitar certos movimentos. Para isso, o laboratĂłrio conta com uma base de dados de lances que resultaram em contusões. As imagens foram obtidas de gravações disponibilizadas para a arbitragem. “Há gestos que nĂŁo devem ser feitos, como recepcionar uma bola e cair apoiando sĂł em uma perna, por exemplo. Pode causar ruptura nos ligamentos. O tĂ©cnico pode habituar o jogador a cair usando as duas pernas, programando o cĂ©rebro para automatizar o movimento. Habituamos assim o jogador a fazer um gesto ou a evitá-lo”, explica. “Neymar Ă© excepcional, mas precisa de repouso” Philippe Rouch recebe com frequĂŞncia jogadores famosos da seleção francesa, cujos dados sĂŁo guardados a sete chaves, mas nunca atendeu brasileiros. O engenheiro francĂŞs Ă© um admirador do futebol da Seleção e diz que ficaria honrado em registrar em seu computador os movimentos de Neymar, por exemplo. “Existe uma filosofia de jogo brasileira, que Ă© insuperável, que todos, inclusive a seleção francesa, tentam copiar. Uma facilidade de dançar com a bola, de entrar em contato com ela, que todos os jogadores tentam imitar", diz. "Isso exige uma capacidade fĂsica fora do comum. Há tambĂ©m especificidades ligadas Ă s origens das pessoas. As fibras musculares sĂŁo diferentes”, explica o engenheiro francĂŞs, que lembra como as particularidades genĂ©ticas fazem diferença no desempenho esportivo. Esses movimentos “fluidos”, tĂpicos do futebol brasileiro, normalmente deveriam proteger os jogadores das lesões. Isso porque o nĂvel de aceleração Ă© menor, protegendo as articulações, mostram as pesquisas. O problema, explica o engenheiro francĂŞs, Ă© que essa maneira “macia” de jogar nĂŁo impede o desgaste gerado pelo excesso de treinos e partidas, que sĂŁo bem mais numerosos hoje do que há algumas dĂ©cadas. AlĂ©m disso, as agressões em campo, das quais Neymar foi vĂtima, por exemplo, acabam prejudicando a saĂşde dos jogadores. “O juiz deve se empenhar em impedir essas agressões, que atrapalham o jogo e machucam os atletas. Existem jogadores tĂŁo sensĂveis aos lances em campo que essas contusões os afetam emocionalmente”, lembra Philippe. Para entender como um passe errado pode afetar os ligamentos e os tendões, a equipe utiliza cadáveres para testar como o corpo reage Ă s contusões. Os estudos mostram que, em cada jogo de futebol, sĂŁo registradas cem lesões. No esporte, os jogadores muitas vezes se machucam sozinhos, lembra o especialista. Cerca de 60% das contusões nĂŁo envolvem um lance com outro atleta. Mais uma vez, isso ocorre porque jogadores como Neymar, por exemplo, sĂŁo muito solicitados, ressalta o engenheiro. “Neymar Ă© um jogador excepcional, que trabalha muito, todos querem vĂŞ-lo. O excesso de midiatização acaba sendo um problema. Chega em um ponto em que Ă© preciso repouso.” Segundo a Federação Francesa de Futebol, um terço dos jogadores nĂŁo se recupera totalmente de uma ruptura do ligamento cruzado anterior antes de trĂŞs anos. Atacantes dificilmente prolongam a carreira depois dos 36 anos.