Fundação (FFMS) - [IN] Pertinente   /     EP 173 | POLÍTICA: Será o ócio um ato político?

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«Ser preguiçoso pode ser um ato político: prova disso é o ‘quiet quitting’», diz João Pereira Coutinho no episódio que lhe trazemos.Já no século XIX, o ócio era um ato radical - exemplo disso, era a figura do ‘dandy’ ou ‘flaneur’ que desprezava o sistema político, considerando vulgares e exploratórias as suas práticas.Mas deixe que o levemos mais atrás: sabia que as reivindicações pelo direito ao descanso são contemporâneas da Revolução Industrial? As proteções sociais que hoje tomamos por ga...

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Publishing date
2024-07-26 00:00
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  Fundação Francisco Manuel dos Santos
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«Ser preguiçoso pode ser um ato político: prova disso é o ‘quiet quitting’», diz João Pereira Coutinho no episódio que lhe trazemos.

Já no século XIX, o ócio era um ato radical - exemplo disso, era a figura do ‘dandy’ ou ‘flaneur’ que desprezava o sistema político, considerando vulgares e exploratórias as suas práticas.

Mas deixe que o levemos mais atrás: sabia que as reivindicações pelo direito ao descanso são contemporâneas da Revolução Industrial? As proteções sociais que hoje tomamos por garantidas passaram por um longo processo no qual se foram conquistando, entre outros, o direito às férias, à assistência na doença e, finalmente, o direito ao lazer, consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Mas face a tão grandes avanços tecnológicos e aos extraordinários aumentos de produtividade, como se explica que ainda não tenhamos conquistado em pleno a fórmula preconizada no século XIX : «8 horas de trabalho, 8 horas de lazer e 8 horas de descanso»?

Depois de tanta luta e conquista, será que nos damos ao  direito de descansar? Seremos capazes de enfrentar o silêncio e a solidão que decorrem da inatividade?

A receita ideal entre fazer e deixar acontecer também depende da geografia e é bem possível que os povos do norte e do sul da Europa não encontrem acordo quanto a isto.

Quanto a si que está ou deseja estar de férias, fique descansado, não tem de saber a resposta a estas perguntas. Carregue no play e desfrute.

REFERÊNCIAS ÚTEIS
Banting, Madeline: «Willing Slaves: How the Overwork Culture is Ruling Our Lives» (Harper)

 Corbin, Alain: «História do Repouso» (Quetzal)

 Graeber, David: «Trabalhos de Merda - Uma Teoria» (Edições 70)

 Han, Byung-Chul: «A Sociedade do Cansaço» (Relógio d'Água)

 Han, Byung-Chul: «Não-Coisas: Transformações no Mundo em que Vivemos» (Relógio d'Água)

 Keynes, John M.: «Economic Possibilities for our Children» (1930)

 Veblen, Thorstein: «The Theory of the Leisure Class» (Oxford Classics)

 Lafargue, Paul: «O Direito à Preguiça» (Antígona)

 Stevenson, Robert Louis: «Apologia do Ócio» (Antígona)

BIOS
MANUEL CARDOSO
É humorista e um dos autores do programa de sátira política «Isto É Gozar com Quem Trabalha», da SIC. Faz parte do podcast «Falsos Lentos», um formato semanal de humor sobre futebol. É o autor da rubrica radiofónica «Pão Para Malucos», que esteve no ar diariamente na Antena 3 de 2018 a 2021

JOÃO PEREIRA COUTINHO
Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, onde se doutorou em Ciência Política e Relações Internacionais. É autor dos livros «Conservadorismo» (2014) e «Edmund Burke – A Virtude da Consistência» (2017), publicados em Portugal e no Brasil.